terça-feira, 17 de agosto de 2010

Tema Livre

Passei o fim de semana inteiro pensando em um tema para abordar, mas qual tema? Poderia escrever sobre política (que é um assunto que gosto muito), poderia escrever sobre economia, cultura ou sobre qualquer outra proposição, todavia qual seria a ideal? Qual seria perfeita?
O tema livre pode ser o pior dos temas, assim com a independência pode se tornar a pior das prisões. A liberdade nos permite agir como quisermos, somos livres para escolher e condenados a sofrer conseqüências. Vivendo em sociedade, as ilações se transformam em problemas, uma vez que, nossas decisões influem nas escolhas das demais pessoas. Nas palavras de Jean Paul Sartre: “O inferno são os outros”, já que nossa ‘total autonomia’ é limitada pela ‘autonomia’ das outras pessoas.
Entretanto, neste mundo capitalista o sentido da palavra liberdade se perdeu no meio desta ‘falsa democracia’. Explico. Atualmente somos uma massa que habita a Terra, humanos, povos, talvez robôs. Somos programados para consumir, produzir e mais nada. Por exemplo, um homem trabalha em uma empresa X que produz tênis. Cada tênis gasta dez reais para ser produzido. O funcionário produz mil tênis por mês. O patrão paga ao funcionário um salário de quinhentos reais e vende os tênis para as lojas ao preço de cem reais. Nas lojas, esses mesmos tênis são vendidos por trezentos reais, e aquele funcionário que produziu esta mercadoria a compra pelo preço de trezentos reais, mas como não tem condição de pagá-la à vista, parcela em varias vezes (não vou mencionar os juros), e ao terminar de pagar, já necessita de um novo tênis. Penso que depois deste exemplo chulo, pode-se perceber que apesar de todas as mazelas dos outros sistemas, o capitalismo não é esta maravilha que alguns alegam.
O capitalismo, além de massificar fazendo com que todos consumam e desejem os mesmos bens (assim facilitando a produção em grande escala), também alieniza. As piores vítimas são aquelas que respeitam seus carrascos. E a alienação faz exatamente isso, tira a consciência, faz com que o explorado admire o seu explorador e aceite esta ‘escravidão moderna’.
Todavia ainda ansiamos a democracia e a liberdade; liberdade tão buscada pelos Iluministas, democracia tão sonhada por nós. Mas até agora, elas só aparecem no tema livre e tudo permanecerá assim enquanto a ‘vaquinha de presépio’ livre, leve e solta seguir a maré que a lança contra as rochas, e como boa ‘serva’, balançar a cabeça como sinal de respeito e aceitação.
Carolina Souza